A formação trata as dimensões menos abordadas sobre a relação entre África e América Latina, a partir de conteúdos que comparem a dimensão das permanências e rupturas dos aspectos sociais, econômicos, culturais e estéticos de ascendência africana nas nações latino americanas.
Apesar do Brasil ser conhecido pela forte presença da matriz africana, nota-se uma invisibilidade desta herança em outros países da América Latina. Em geral, a América do Sul não é compreendida e nem pensada como território onde a matriz africana compõe o amálgama sociocultural, cumprindo papel estruturante na organização social dessas nações.
A dificuldade de intercâmbio cultural entre o Brasil e países latino-americanos resulta da pouca ou nenhuma integração entre comunidades negras brasileiras e latinas. O enaltecimento de estudos raciais estadunidenses e europeus contrasta com a escassa produção e acesso de conhecimento acerca da Afrolatinidade. Todas essas causas culminam no problema principal: o pouco conhecimento da trajetória afrodescendente na América Latina pela comunidade acadêmica e pela população em geral.
Como consequências dessa conjuntura temos: a invisibilidade das comunidades afrodescendentes no contexto social dos países da América Latina, a miopia histórica sobre a inserção negra nos territórios latino-americanos, a fragilidade nos laços identitários entre comunidades negras de diversos países latinos.
Por isso, buscaremos traçar um paralelo entre a cultura negra no Brasil e na América Latina e possibilitar o acesso a obras de autoras(es) latino-americanas(os), descentralizando as bases dos estudos raciais geralmente norteadas pelo reconhecimento de escolas estadunidenses e europeias.