Com inspiração no pensamento de Walter Benjamin, que entende a história como a narrativa dos vencedores, e Simone de Beauvoir, que identifica na mulher o Outro, o curso propõe um olhar para elementos e momentos que poderiam compor uma história subterrânea de vivências vividas e imaginadas desse não-Universal – as lésbicas no Brasil desde 1940. E isso tendo três eixos: a construção da memória, as representações de imagens e a luta por direitos e reconhecimento social. Com este curso, criado a partir de uma perspectiva feminista e de um trabalho sobre as ruínas (como diria Benjamin), busca-se (re)elaborar alguns fios do passado que possam nos ajudar a tecer, compreender e fortalecer a organização e o empoderamento das mulheres na luta contra o racismo, a misoginia e a LGBTfobia nos dias de hoje.
Realização conjunta
- Ação Educativa
Ação Educativa
Fundada em 1994, a Ação Educativa é uma associação civil sem fins lucrativos que atua nos campos da educação, da cultura e da juventude, na perspectiva dos direitos humanos. Para saber mais, clique aqui. - Cine Sapatão
Cine Sapatão
Formado em novembro de 2017 com o intuito inicial de discutir e pesquisar a produção de mulheres com temática lésbica no audiovisual. Desde janeiro de 2018 o coletivo tem realizado exibições mensais e gratuitas de longas, médias e curtas brasileiros e estrangeiros no centro de São Paulo para um público majoritariamente feminino, de faixa etária e identificação étnico-racial variada. O intuito dessas exibições é democratizar o acesso, sobretudo às lésbicas, de filmes que não as representem de forma estereotipada ou fatalista (características de muito do que é feito sobre esse segmento social). Para isso, muitos dos filmes são traduzidos e legendados pelo próprio coletivo. O grupo também promove debates após as exibições e tem convidado pesquisadoras, cineastas, críticas, artistas em geral e pessoas relacionadas ao tema de cada encontro para a troca de ideias.
Conteúdo programático
O curso está dividido em três encontros, que seguem uma cronologia. No primeiro, que cobre o período de 1940 a 1970, aborda-se a situação política do país, a posição social da mulher e as produções audiovisuais, literárias e musicais de lésbicas e/ou que retratem lésbicas. No segundo dia, trataremos do início do movimento lésbico organizado, da disseminação de publicações, das transformações jurídicas, artísticas e universitárias no contexto maior que vai até 1990. No último encontro, faremos um balanço do que foi a construção de memória, representações e lutas dos 50 anos vistos nos dias anteriores. A seguir, discutiremos os últimos vinte anos (2000-2019), procurando não apenas caracterizar o período, como também trazer questões para refletirmos e agirmos sobre o presente em vistas de um futuro com justiça social.
Disponibilizaremos material digital de apoio para participantes interessadas(os).
A quem se destina
Mulheres LBTs, estudantes, pesquisadores(as), militantes, público interessado em algum dos eixos temáticos (história do feminismo, movimento LGBT, movimento de mulheres, cinema, música e literatura)
Educadoras(es)
- Ana Clara Travassos
Ana Clara Travassos
Após finalizar sua formação em Licenciatura em Música pelo Instituto de Artes da Unesp, trilhou sua trajetória profissional na área do design gráfico, fotografia e vídeo de maneira independente. É uma das fundadoras da revista Tia Concha, onde é responsável pelo projeto gráfico e produção audiovisual. - Fernanda Elias
Fernanda Elias
Estuda questões de gênero e de diversidade sexual ligadas à filosofia e às artes, bem como as histórias do movimento feminista e LGBT no Brasil. É advogada, professora, mestra em História Social (USP) e doutoranda em Filosofia (UNIFESP). - Giovanna Guedes
Giovanna Guedes
Educadora e produtora cultural, iniciou sua trajetória com pautas feministas no Coletivo Mira, grupo de teatro feminista, pesquisa teatro feminista, gênero e histórias feministas e LBT. É uma das fundadoras da revista Tia Concha, onde é produtora e redatora. - Nayla Guerra
Nayla Guerra
Estudante de Audiovisual na Universidade de São Paulo, desenvolve pesquisa focada em diretoras brasileiras no período da ditadura civil-militar. Participa do grupo de estudos Mirada, com foco em mulheres e audiovisual. É fundadora e membra do Coletivo Chá de Fita (audiovisual e política) e organizou a I Mostra Chá de Fita (2019). É também integrante do Coletivo Camaleoa (LGBT+), do Coletivo Feminista da ECA-USP e do Cine Sapatão. Trabalhou como tradutora e assistente de produção no festival de cinema francês FESTiFRANCE (2017) em Belo Horizonte. - Rita Cerqueira de Quadros
Rita Cerqueira de Quadros
Na década de 1990, participação do Grupo de Estudos ETC & Tal, da criação no NGL/PT-SP e na organização das 3 primeiras Paradas do Orgulho LGBT. Nos anos 2000, Grupo Umas & Outras, Presidente da Comissão organizadora do V Seminário Nacional de Lésbicas - SENALE, organização das primeiras Caminhas de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo, construção da Liga Brasileira de Lésbicas - LBL, representação do segmento de lésbicas no Conselho Nacional de Direitos da Mulher, organização do Cine Mulher e, a partir de 2017, organização do Cine Sapatão.
- Carga horária: 9h
- Investimento: R$100,00
- Período: Quintas-feiras, de 10/10 a 24/10 de 2019 (3 encontros)
- Horário: 19:00 - 22:00