A formação visa discutir algumas das possíveis relações entre literatura e política, compreendendo a representação literária como produção artística que não existe de forma independente de complexas e intrincadas determinações sócio-históricas, tendo como foco os sistemas literários angolano e o moçambicano.
As leis 10.639/03 e 11.645/08, frutos de muita luta, preconizam a obrigatoriedade do ensino de conteúdos até então menosprezados pelo currículo escolar: História, cultura e literaturas africanas, afro-brasileiras e indígenas. Embora já tenham entrado em vigor há certo tempo, ainda é possível perceber que nem todos os professores têm acesso a esses conteúdos durante seus processos formativos.
Com o objetivo de contribuir para a diminuição de parte desta lacuna, o curso pretende apresentar e discutir alguns elementos concernentes à formação e ao desenvolvimento de dois sistemas literários em particular, o angolano e o moçambicano.
Compreendendo a representação literária como produção artística que não existe de forma independente de complexas e intrincadas determinações sócio-históricas e tendo como pressuposto teórico o materialismo dialético, é proposta uma leitura das relações entre texto literário e sociedade que busque explicitar algumas das contradições que o objeto literário pode abarcar de acordo com o contexto em que se constitui e circula.
A reformulação de gêneros textuais será focalizada como recurso estético engendrado como resposta à complexidade dos contextos em pauta. Entre outras questões, a violência, o racismo e a exploração que caracterizam o colonialismo, por exemplo, servirão de impulso às escritas que se colocam radicalmente a serviço da construção da dignidade e da autonomia.
